Em 03/11/2020 às 15h16
Um grupo de mulheres que cumpre pena na Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (Apac) de Belo Horizonte fez na última quinta-feira (29) uma visita técnica no Arquivo Permanente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, localizado no Bairro Cincão, em Contagem, onde estão armazenados milhares de processos das comarcas mineiras e de segunda instância.
As recuperandas farão a higienização dos documentos históricos, por meio da remoção de elementos metálicos como grampos, clipes e bailarinas, com a utilização de bisturi para retirada de pontos de ferrugem e insetos impregnados no papel, além de adesivos e manchas.
Segundo a gerente de Arquivo e Gestão Documental da Segunda Instância, de Documentos Eletrônicos e Permanentes (Gedoc), Simone Meirelles Chaves, uma vez por semana caixas com os processos serão enviadas para a unidade da Apac de Belo Horizonte e após a higienização, o material será devolvido ao acervo do TJMG, pronto para ser digitalizado.
História vivaAs 17 recuperandas selecionadas para o projeto terão um dia de treinamento na unidade da Apac da Gameleira. A capacitação para o trabalho será feita pela historiadora Sônia Santos, da Coordenação do Arquivo Permanente (Coarpe) da Corte estadual mineira, nas próximas semanas.
"É um trabalho minucioso, precisa de muita calma, paciência e atenção para detectar a presença de algum agente infectante ou biológico. O material precisa estar acessível pelo tempo necessário, no caso de processos do arquivo permanente, para sempre. É um trabalho muito bonito, pois vai manter nossa história viva", enfatizou.
Simone Meirelles Chaves informou também que a Gedoc tem planos para continuar a parceria com a Apac que, além do processo de higienização, pretende treinar as recuperandas, em um segundo momento, para restaurar documentos que já têm perfuração, rasgo ou outros problemas.
Dois lados
"É uma responsabilidade muito grande, mas estou feliz em fazer parte da parceria, de ver documentos do século passado. Ao mesmo tempo em que aprendo um ofício, tenho o benefício da remição da minha pena pelos dias trabalhados", comemorou a recuperanda.
Novos Rumos
"Fico muito feliz de ver o encontro de duas iniciativas importantes do Tribunal de Justiça: o movimento de arquivos, referência para o Brasil, e a política penitenciária alternativa ao sistema convencional, que tem índices baixos de reincidência". A afirmação é do coordenador executivo do Programa Novos Rumos, juiz Luiz Carlos Resende e Santos.
Segundo o magistrado, quando o TJMG oferece uma capacitação para um projeto tão importante para a sociedade, humaniza o cumprimento da pena e dá visibilidade ao trabalho desenvolvido pela Dirgep.
Acervo