Em 05/11/2019 às 14h14

Escritora que acusou Trump de estupro nos anos 90 o processa por difamação

Trump negou as acusações, a chamou de mentirosa e disse que seu único objetivo era buscar publicidade para vender seu novo livro

A escritora E. Jean Carroll, que relatou ter sido estuprada por Donald Trump em um provador na luxuosa loja Bergdorf Goodman nos anos 90, anunciou ter entrado com uma ação contra o hoje presidente americano por difamação nessa segunda-feira (4).

E. Jean Carroll, jornalista e colunista da edição norte-americana da revista Elle, relatou em junho passado em um livro que ela havia sido estuprada por Trump há mais de duas décadas, entre o final de 1995 e o início de 1996.

Trump negou as acusações, a chamou de mentirosa e disse que seu único objetivo era buscar publicidade para vender seu novo livro.

Ele disse que não conhecia a escritora - embora mais tarde a revista New York tenha publicado uma foto dos anos 80 na qual os dois aparecem juntos - e que ele nunca a teria atacado porque Carroll "não faz o meu tipo".

Em um processo de 27 páginas apresentado nessa segunda-feira perante o tribunal do estado de Nova York, Carroll, hoje com 75 anos, diz que as declarações do presidente prejudicam sua carreira e reputação.

Trump "insultou sua integridade, honestidade, dignidade e tudo isso na imprensa nacional", detalha o processo, que descreve como Trump conheceu Carroll por acaso na loja, pediu que ela o ajudasse a comprar um presente para uma mulher - uma peça de lingerie - e depois a empurrou para o provador de roupas, onde supostamente a beijou e a estuprou.

A escritora não pode mais denunciar Trump por estupro porque o crime prescreveu. Carroll diz que a força do movimento #MeToo, que surgiu no final de 2017, a fez quebrar o silêncio e buscar justiça.

"Nascida como uma menina da Geração Silenciosa, fui ensinada a levar a violência sexual como piada e a acreditar que ter sido estuprada era minha culpa. Hoje sou uma mulher adulta que está processando o presidente dos Estados Unidos por difamação. Ninguém, nem mesmo o presidente, está acima da lei. Embora eu não possa responsabilizar Donald Trump por me agredir há mais de 20 anos, posso responsabilizá-lo por mentir sobre isso", disse Carroll em comunicado.

Trump negou o estupro e disse que não sabia quem era Carroll, que dirigia um programa de televisão na época, "mas sabia que suas declarações eram falsas e difamatórias: sabia quem era Carroll naquele dia na Bergdorf Goodman e sabe quem é hoje", disse Robbie Kaplan, advogada da escritora.

Outra mulher, Summer Zervos, ex-participante do reality show "The Apprentice" em 2005, também entrou com uma ação semelhante por difamação contra o presidente. Zervos diz que Trump, que estava conduzia o programa, a beijou sem o seu consentimento, esfregou os órgãos genitais contra ela e tocou seu peito.

Trump diz que este e outros relatos de assédio ou agressão sexual feitos por mais de uma dúzia de mulheres contra ele são "mentiras" e "bobagens".


AFP